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Mostrando postagens de 2018

“Venha, pelo amor ou pela dor”

“Venha, pelo amor ou pela dor”  Na frase, o amor e a dor aparecem como alternativas antagônicas, mas interdependentes, dimensão dual sobre o retorno ao um destino final àquele que diz "venha". Quem é essa ou esse que chama, ordena? Tem gente que acaba relacionando o amor com o bem, e a dor com o mal. Mas será que essa relação é justa? Essa minha reflexão adoidada parte de minhas (intensas) experiências. Vivencias apenas, sem pretensão de ajuizar verdades. É meio um desabafo também. Esse amadurecimento que chega como um soco bem forte no queixo... Fiquei desnorteada com a dor sim! Desnorteei de dor.  E as experiências fundamentadas no medo do terror da morte? minaram a beleza dos meus sonhos? hum... me imputaram obrigações irracionais e auto-nocivas.  Calcificou tudo aqui dentro. Aliás, quase tudo.  Ficou, por ali, um terreninho escondido. Uma terrinha sem cal.  Ervas daninha se instalam junto a uma roseira... Mas a potência do medo não deve ser subestimada,

Rimamar

Eu tenho o nome sujo, amor No spc, na serasa Mas tenho a alma limpa Limpinha e bem lavada Minha honra vem de longe Dos timbres da entoada Sou mulher arretada Por mim mesma conquistada Força, poder da dor Em cada uma das minhas pisadas E teu som, tem tom, tua cor Não me deixa enganada Que tenho que seguir sozinha Nessa tortuosa estrada Opa! Sozinha não! Porque eu ando bem acompanhada Odoyá minha mãe! Ilumia a caminhada! E tu, meu preto Te conforma na tua parada Porque mulher igual a eu, sô Só no fundo do mar será achada

FALA AFOBADA

Eu me afobo E falo É erro mortal Essa fala Cada palavra enviesa Veneno Que cura e mata Saia de mim! Saia de mim, palavra! Desejo do Medo Ânsia de Sossego Vem de mim Possua-me toda! Serei tua em cada som Em cada tom Das minhas entranhas Manhas Da eternidade Eu viverei para ti Colecionarei conquistas Perdidas Sentidas Fugidas Mentidas E eu me afobo E falo
Eu confesso que já tive fases piores Nos becos, cedo, no erro Hoje gozo dias melhores Nos meios, vejo acertos Tá tudo preto, tá tudo preto Eu queria que você soubesse Que cedo demais Ainda é tarde, Faz parte Estranhar a própria voz Sem nós Garganta tranca e seca Labuta, luta, empurra Reaje   e age, a laje tá quase pronta Segura nenguim a tua onda e lombra Cada passo dado É passo passado Na curva Agora veja, beba, seja Toda coragem é desespero É medo, peso, receio Na vida um teto, um pão , um chão, um dengo Acalento Dentro Nos meios, vejo acertos Tá tudo preto, Tá tudo preto Eles não vão vencer Eu confesso que já tive fases piores Nos becos, cedo, no erro Hoje gozo dias melhores Nos meios, vejo acertos Tá tudo preto, tá tudo preto

"Eu, entre esquerda e direita, continuo preta"

O infeliz acontecimento do homicídio da vereadora Marielle Franco na cidade do Rio de Janeiro no último dia 14 do mês de março chocou diversos segmentos da sociedade brasileira e sensibilizou diversas personalidade e organizações no mundo todo, trazendo à luz, mais uma vez, o feroz estado de violência institucional de nossa jovem democracia. A execução sumária de pessoas que lutam a favor da justiça social é uma constante prática de proliferação do terror desde sempre em nossa formação social, e, por isso mesmo, sintomatiza nosso raquitismo democrático. Desta constatação, emerge o pavor. As inúmeras análises sociológicas que interpretam e explicam a realidade nos chamam a atenção sobre os demais elementos interseccionais que compõe este violento cenário histórico: a questão da misoginia, do racismo estrutural e cultural, das desigualdades de classe, das hostilidades e negação dos Direitos Humanos. E eu, no meu lugar e condição de mulher negra periférica, reflito sobre o legado q

Por causa da Vida, a morte.

Por causa da Vida, a morte. Eu queria poder falar dos meus sentimentos no dia de hoje. Falar da indignação. Do ódio. Da revolta. Da angustia. Da desesperança por causa da morte de Marielle. Mas, eu pensei um pouco mais e percebi que a morte não fala por si. A morte foi desembocada pela vida. Vida de luta, de coragem, de conquistas e resistência. Vida de fé na dignidade. Eu olho para a vida de Marielle e lembro das experiências das mulheres negras da minha vida.   Mulheres que gerenciam pobreza, que trabalham 12 a 14 horas por dia, que correm um mundo de sacrifícios e pelejas para que filhas e filhos tenham direito a escola, atendimento no posto de saúde, que não se envolvam com drogas. Mulheres que são empreendedoras e comerciantes, que gerenciam afetos e conflitos familiares e comunitários, mulheres que cozem roupas, que solidariza e partilha o pão de cada dia. Mulheres, que superam violências, que superam privações e descasos, mas acima de tudo mulheres que promovem vida!